As Funções Cognitivas
As 4 Funções Cognitivas
As Funções Cognitivas, também chamadas de Funções Psicológicas são processos mentais que todas as pessoas possuem e usam em certa ordem predeterminada, dada a natureza da sua psique ou, como costuma-se chamar de, “preferência” pessoal. Esse é o conceito base para a teoria dos Tipos Psicológicos elaborada por Carl Jung, no seu livro Os Tipos Psicológicos de 1921.
Entender as Funções Cognitivas é um passo muito importante para entender a teoria dos 16 tipos.
São elas:
Pensamento – Sensação – Intuição – Sentimento
Carl Gustav Jung (26 de julho de 1875 – 6 de junho de 1961) foi um psiquiatra e psicanalista suíço que fundou a psicologia analítica .
O trabalho de Jung foi influente nos campos da psiquiatria , antropologia, arqueologia, literatura, filosofia e estudos religiosos. Jung trabalhou como pesquisador no famoso hospital Burghölzli , sob Eugen Bleuler . Durante este tempo, ele chamou a atenção de Sigmund Freud, o fundador da psicanálise . Os dois homens fizeram uma longa correspondência e colaboraram, por algum tempo, numa visão conjunta da psicologia humana.
Freud viu o jovem Jung como o herdeiro que procurava levar a cabo em sua “nova ciência” da psicanálise. Freud chegou a nomeá-lo como o primeiro chefe de sua recém-fundada Associação Psicanalítica Internacional . A pesquisa e a visão pessoal de Jung, no entanto, tornaram impossível que ele se curvasse à doutrina de seu colega mais velho, e um cisma se tornou inevitável. Essa divisão foi pessoalmente dolorosa para Jung, e teve repercussões históricas que duraram até os dias modernos.
Entre os conceitos centrais da psicologia analítica está a individuação – o processo psicológico vitalício de diferenciação do “eu” (self) a partir dos elementos conscientes e inconscientes de cada indivíduo. Jung considerou que esta era a principal tarefa do desenvolvimento humano. Ele criou alguns dos conceitos psicológicos mais conhecidos, incluindo a sincronicidade , os fenômenos arquetípicos , o inconsciente coletivo , o complexo psicológico , a extroversão e a introversão .
Jung também era um artista, artesão e construtor, além de escritor prolífico. Muitas de suas obras não foram publicadas até depois de sua morte e algumas ainda aguardam publicação.
(Via Wikipédia)
Jung também definiu que essas funções poderiam assumir atitude Extrovertida ou Introvertida:
Atitude Extrovertida: quando a pessoa tem relação com o objeto diretamente, desconsiderando a reflexão imediata. (Ex.: um Pensador Extrovertido “pensa para fora”, analisando regras, implicações reais e leis no ambiente concreto, ou seja, fora da sua cabeça.)
Atitude Introvertida: quando a pessoa se sente muito afetada pelo objeto, fugindo para seu “mundo interior”, considerando mais a “reflexão” na sua mente para dar significado ao objeto. (Ex.: um Pensador Introvertido “pensa para dentro”, analisando o contexto geral das coisas, das ferramentas, dos sistemas e metalologias e contextos subjetivos, ou seja, raciocinando dentro da sua cabeça.)
… dobrando assim o número de possibilidades para oito funções, que ele definiu então como sendo 8 Tipos Psicológicos, e cada pessoa seria um desses tipos:
Pensamento Extrovertido
Pensamento Introvertido
Sensação Extrovertida
Sensação Introvertida
Intuição Extrovertida
Intuição Introvertida
Sentimento Extrovertido
Sentimento Introvertido
Além disso, Jung ainda distinguiu que duas das Funções Cognitivas teriam aspecto de funções Julgadoras e as outras duas de funções Perceptivas:
Funções de Julgamento: Pensamento e Sentimento. Caracterizam-se pela articulação entre o sujeito e o objeto em forma avaliativa, ou seja, você avaliará o foco da sua atenção em tempo real, racionalizando esse processo cognitivo, na forma de Pensamento ou Sentimento. As duas funções são opostas, logo se uma pessoa tem Sentimento superior terá Pensamento inferior e vice-versa.
Funções de Percepção: Sensação e Intuição. Caracterizam-se pela absorção direta de informações, sem interferência avaliativa, ou seja, a pessoa receberá informações imediatas a partir dos sentidos físicos ou extra-sensoriais, na forma de Sensação ou Intuição. As duas funções são opostas, logo se uma pessoa tem Intuição superior terá Sensação inferior e vice-versa.
Os estudos de Carl Jung ajudaram Katharine Cook Briggs e sua filha Isabel Briggs Myers, durante a Segunda Guerra, a sintetizarem todas essas informações de maneira a criar um teste de personalidades com 16 abreviações dos tipos que conhecemos hoje.
Perceba (no quadro a seguir) que cada um dos 16 tipos ainda usam as 4 Funções Cognitivas de Jung em sua estrutura básica, porém cada um com uma ordem exclusiva de funções, da mais forte para a mais fraca. Portanto, não há tipo que não use uma ou mais funções, apenas que os processos se dão de forma diferente. E quanto mais fraca for uma função, mais ela será de domínio da nossa mente inconsciente.
A primeira função é chamada de Dominante porque é a mais importante. Também é alegoricamente chamada de “Herói”, pois é para você a melhor coisa que existe.
A segunda função é chamada de Auxiliar, que também é chamada de “Pai/Mãe” ou “Amigo”, pois é ela quem vai equilibrar a Dominante, te freando e te educando para certas coisas da vida.
A terceira função é a Terciária, que também é chamada de “Bajuladora” ou “Criança”. Nela você sente conforto na realização de algumas tarefas, mas também onde se encontram alguns de seus mimos e erros mais infantis.
A quarta função é a mais fraca da pilha e é chamada de Inferior. Também é conhecida como “Anima/Animus”, “Inimigo” ou “Medo”. Como pode imaginar, é a função onde se encontram os seus medos. inseguranças e alguns desejos ocultos.
As quatro funções estão na parte que chamamos de Consciência ou “Ego” que é a parte onde nossa persona se define. Enquanto a Dominante é a mais evidente, a Inferior está no limiar entre Consciente e o Inconsciente do cérebro humano. As funções que não aparecem no tipo também existem na nossa psique, mas elas estão ainda mais abaixo, na parte da mente que chamamos de Sombra ou Inconsciente.
Dinâmica das Funções
Para que a ordem de funções faça sentido, ela deve respeitar algumas fórmulas e regras essenciais de acordo com a própria natureza da teoria das Funções Cognitivas. Por exemplo, se tratando de Funções de Julgamento, quando uma função de Pensamento prevalece numa pessoa, ela naturalmente irá reprimir mais seus sentimentos, e vice-versa. No âmbito da Percepção, se uma pessoa percebe as coisas a sua volta mais pela Sensação, ela irá naturalmente se afastar da Intuição. Veja mais sobre essas fórmulas:
Extrovertidos Julgadores (ESTJ, ENTJ, ESFJ, ENFJ) usam Funções Dominantes julgadoras (Te e Fe), enquanto que Extrovertidos Perceptivos (ESTP, ESFP, ENTP, ENFP) usam Funções Dominantes perceptivas (Se e Ne).
Porém, Introvertidos Julgadores (INTJ, INFJ, ISTJ, ISFJ) usam Funções Auxiliares (ao invés da Dominante) julgadoras (Te e Fe), enquanto que Introvertidos Perceptivos (INFP, ISFP, ISTP, INTP) usam Funções Auxiliares de percepção (Se e Ne). Isso porque o que define se um tipo é Julgador ou Perceptivo é sua relação com o mundo externo, ou seja, sua primeira função extrovertida das 4 funções de uma pessoa.
As duas funções julgadoras T e F são opostas, logo se um tipo tem T dominante, terá F inferior e vice-versa. As duas funções perceptivas também são opostas, logo se um tipo tem N dominante, terá S inferior e vice-versa. (Ex.: ENFJ tem Sentimento Extrovertido Dominante – Fe dom – então terá Pensamento Introvertido Inferior – Ti inf).
Se um tipo tem a função Dominante Julgadora, vai ter a função Inferior também Julgadora e as duas do meio de Percepção. (Ex.: ESTJ – Te, Si, Ne, Fi).
Se um tipo tem a função Dominante de Percepção, vai ter a função Inferior também de Percepção e as duas do meio Julgadoras. (Ex.: INTJ – Ni, Te, Fi, Se).
Se um tipo tem a Dominante Extrovertida, terá a Auxiliar Introvertida, a Terciária Extrovertida e a Inferior Introvertida. (Ex.: ENTP – Ne, Ti, Se, Fi).
Se um tipo tem a Dominante Introvertida, terá a Auxiliar Extrovertida, a Terciária Introvertida e a Inferior Extrovertida. (Ex.: INFP – Fi, Ne, Si, Te).
Um tipo Extrovertido sempre terá a Dominante Extrovertida (seu aspecto mais forte) e Inferior Introvertida (seu aspecto mais fraco). (Ex.: ESFJ – Fe, Si, Ne, Ti).
Um tipo Introvertido sempre terá a Dominante Introvertida (seu aspecto mais forte) e Inferior Extrovertida (seu aspecto mais fraco). (Ex.: ISTP – Ti, Se, Ni, Fe).
Perceba que todos os tipos tem todas as quatro funções T, S, N e F, e as duas atitudes E e I, logo não há tipo que falte Sentimento ou Pensamento, por exemplo. Apenas que essas funções trabalham de formas diferentes em cada ser humano.
Eixos Cognitivos
O conceito de Eixos Cognitivos apresenta uma ligação entre as todas Funções Cognitivas e o seu funcionamento dentro da mente. Como foi dito em tópicos acima, as duas funções de Julgamento T e F são opostas uma a outra, e as duas funções de percepção S e N são opostas uma a outra. Porém, as funções opostas estão interligadas, são opostos complementares, porque uma depende da outra para existir, como dois lados da mesma moeda, e essa ligação nunca poderá ser quebrada.
Na teoria, a Função Inferior estaria ligada aos fortes desejos de uma pessoa, as vezes até chamada de Função Aspiracional (que vem de aspiração), porém esses desejos são ocultos ou ainda não conscientes o suficiente. E ela faz um contraponto natural com a Função Dominante. Uma não poderia existir sem a outra. Como alguém que deseja poder, não poderia querê-lo sem almejar provar alguma espécie de valor pessoal perante os outros.
Por exemplo: um tipo ESTJ com Pensamento Extrovertido Dominante (Te dom) sempre terá Sentimento Introvertido Inferior (Fi inf). Por mais que essa função (Fi) seja a mais fraca na sua mente, ela está em pleno funcionamento, só que não de forma consciente pelo usuário. Isso é, não existe tipo ESTJ que não tenha absolutamente nenhum sentimento. Apenas que o Sentimento desempenha um processo muito baixo na sua mente e está aparentemente escondido. Quando se revela, não é sob controle do usuário, mas fora de seu domínio. Ela pode ser revelada em momentos críticos, estresse, sob uso de substancias, em momentos que se esteja deslocado emocionalmente, momentos íntimos, particulares ou revelando segredos.
Ainda no exemplo ESTJ, que com seu Te dom. quer mostrar eficiência e desempenho profissional, demonstrando toda sua superioridade perante os outros. Ao mesmo tempo sua Fi inf. quer ser reconhecida, quer que as pessoas em sua volta reconheçam seus esforços para que ele se sinta bem consigo mesmo. Isso é o Eixo Cognitivo funcionando.
Eixos Cognitivos (exemplos):
Te – Fi: Demonstra esforço para ser reconhecido.
Ti – Fe: Acumula conhecimento para aprender sobre a sociedade.
Fe – Ti: Segue os parâmetros sociais porque é o mais lógico a se fazer.
Fi – Te: Seus sentimentos são os mais corretos, por tanto, os outros o devem seguir.
Se – Ni: O prazer é uma necessidade que não pode ser deixada para mais tarde.
Si – Ne: Acumular informação sensorial para sobreviver num mundo caótico.
Ne – Si: Muitas ideias e informações para conseguir encontrar uma base estável.
Ni – Se: Desejar e intuir um futuro que possa dar prazer e conforto.
O Eixo Cognitivo também funciona entre a Função Auxiliar com a Terciária pois elas também são opostos complementares. Veja o ESTJ (Te, Si, Ne, Fi). Te é oposto de Fi, e Si é oposto de Ne.
Sem inimigo não haveria herói.
Sem pai não haveria criança.
Identificando as Funções Cognitivas na fala de alguém
Identificando Funções Cognitivas no discurso:
De modo geral, é possível observar os termos que são mais utilizados por uma pessoa de forma a detectar os padrões das Funções Cognitivas. Exemplos:
Te: “como fazer”, “o que precisa ser feito”, “isso tem que ser assim”, “tem que ser feito dessa forma”
Ti: “o porquê”, “isso pode ser feito assim”, “isso é assim por causa de a+b”, “a mais b resulta em c”, “poderia ser feito dessa maneira”
Fe: “o que precisamos”, “as pessoas precisam disso”, “temos necessidade disso”, “as pessoas gostam quando”
Fi: “o que é importante para mim”, “eu gosto quando isso”, “acredito que isso é importante”, “eu sinto que”, “me sinto como se”, “o que eu preciso”.
Se: “isso é assim”, “as coisas são como são”, “a realidade é que”, “eu quero isso”, “tenho vontade de”
Si: “isso era assim”, “as coisas são assim porque antes aconteceu isso”, “as pessoas faziam isso”, “eu passei por momentos em que”, “eu sei que é assim porque”
Ne: “o que pode ser”, “o que será que acontece se”, “e se a gente fizesse isso”, “já pensou se”.
Ni: “o que vai ser”, “isso vai ser assim”, “quando isso acontecer, no futuro teremos”, “é provável que isso seja assim”, “se você fizer isso, vai acontecer isso”.
Identificando Eixos Cognitivos no discurso:
É possível observar Funções Cognitivas opostas agindo no mesmo eixo, ou seja, dentro de um Eixo Cognitivo, funcionando com o mesmo propósito. Exemplos:
Te – Fi: “eu quero ser reconhecido pelo esforço que estou fazendo”, “eu sou muito bom no que faço e espero que reconheçam isso”.
Ti – Fe: “eu aprendo isso/faço dessa forma, porque é bom para todos/ para a sociedade/ porque as pessoas vão gostar de saber disso”.
Fe – Ti: “eu faço isso pelas pessoas porque é o obvio/lógico a se fazer/elas esperam isso de mim”.
Fi – Te: “eu sinto que as coisas são melhores assim e espero que os outros façam o mesmo”, “eu sinto que isso é o certo então eu faço”
Se – Ni: “eu tenho vontade de fazer isso e não posso deixar para depois“, “eu quero agora (e não no futuro)”, “isso é assim hoje, o futuro ninguém sabe”.
Si – Ne: “isso sempre foi assim, porque seria diferente agora/amanhã?”, “eu sempre soube disso e acho que não vai mudar um dia”
Ne – Si: “se a gente fizesse isso as coisas poderiam ser mais adequadas/estáveis no futuro”, “se a gente não fizer isso agora, o futuro poderá ser catastrófico”
Ni – Se: “eu estou fazendo isso agora para que o futuro seja do jeito que eu imagino”, “eu prevejo que no futuro teremos isso, e assim será mais agradável”.